Horror na Índia: os estragos da covid-19
Cremações massivas, hospitais saturados, falta de oxigênio, milhares de falecidos e contágios diários. Este é o triste atual panorama da Índia, cuja pandemia de covid-19 a vacina estava começando a controlar.
O número de contágios diários no país é estimado em 300 mil, mas, segundo uma análise citada no The New York Times, especialistas opinam que o número só representa uma pequena parcela das infecções reais.
Alto também é o índice de mortalidade desta onda pandêmica sofrida na Índia. Uma média de duas mil pessoas por dia perde suas vidas para a doença.
As imagens do caos na Índia circulam pelo mundo e assustam. Muitos se perguntam como é possível que a doença esteja arrasando o país, havendo vacinas e mais informação sobre como nos proteger do vírus?
Os analistas acreditam que o surgimento desta segunda onda está ligada à forma mais leve da primeira. A covid-19 chegou à India entre julho e agosto de 2020 e teve seu pico em setembro, até cair novamente. As autoridades consideraram que o perigo havia acabado e relaxaram as restrições.
A população era otimista e acreditava que talvez o país tivesse alcançado a imunidade coletiva. Até que os contágios começaram a aumentar em um ritmo lento para depois passar a outro absolutamente vertiginoso.
Os pacientes esperam na porta dos hospitais para serem atendidos, pois o sistema sanitário indiano não suporta a quantidade de doentes que chegam para que suas vidas sejam salvas.
A nova variante que se expande pelo país supõe mais um problema, pois cientistas garantem que ela é mais contagiosa e pode esquivar os anticorpos das pessoas que já tiveram a doença ou já foram vacinadas.
Entretanto, pouco se sabe ainda sobre esta nova variante e pode ser que não seja ela a principal causa do drama que a Índia vive agora. Em um país de quase 1,4 bilhão de habitantes, existem outros fatores importantes.
Os cientistas acreditam que, além da falta de cuidados, a densidade populacional e o modo de vida no país tenham favorecido o aparecimento de qualquer surto.
Um dos detalhes mais impactantes desta crise é a falta de oxigênio nos hospitais. É um bem imprescindível, porém escasso atualmente.
Muitas pessoas na Índia começaram a comprar cilindros para uso particular, mediante mecanismos irregulares. O Ministério de Saúde pediu para que a população acabasse com esta prática, pois estava "criando pânico e provocando escassez".
As autoridades sanitárias alertam que comprar os cilindros para armazená-los em casa é inútil, pois são de uso hospitalar.
Diversas ONGs lançaram campanhas para que, de qualquer parte do mundo, seja possível ajudar a Índia a conseguir oxigênio para seus pacientes. Uma delas é a Fundação San Vicente Ferrer.
O ritmo de vacinação na Índia é lento e cada vez é mais difícil freiar as infecções pelo novo coronavírus.
A tragédia pode ser vista nas ruas das principais cidades do país. A covid-19 arrasa as famílias, sem piedade.
É comum ver pacientes de covid-19 esperando dentro de uma ambulância para serem internados em hospitais, onde não há camas livres.
Há lugares na Índia onde se realizam cremações durante as 24 horas do dia, de tão grande que é o número de falecimentos.
O que está acontecendo na Índia é também um alerta para o mundo: embora a vacinação esteja acontecendo, e inclusive hajam casas onde todos já foram parcialmente imunizados, não se pode baixar a guarda.
Certas medidas de segurança e controle devem ser mantidas. O perigo de que as vacinas sejam ineficazes a uma nova variante é real.
O sofrimento na Índia é o mesmo que em países como o Brasil. Os cientistas advertem que pode alcançar outros lugares do mundo, como nações africanas que, no momento, não têm sido tão castigadas pela covid-19.
Vacinação e prevenção são as armas com as quais a Índia conseguirá freiar a covid-19. As mesmas com as quais o mundo todo batalha.