Raelianos, os adeptos à crença de que fomos criados por alienígenas
Os seres humanos sempre foram fascinados por histórias sobre OVNIs e extraterrestres. Há quem considere anedótico os relatos de avistamentos e encontros com criaturas. No entanto, também estão aqueles que acreditam, piamente, na existência não só de vida fora da Terra como em sua influência na nossa. É o caso dos Raelianos.
O movimento Raeliano foi fundado em 1976, na França pelo “profeta” Claude Vorilhon. Ele afirmava haver conhecido extraterrestres, que lhe fizeram um importante comunicado, em 13 de dezembro de 1973.
Segundo Claude Vorilhon, a mensagem dizia que a vida na Terra havia sido criada por seres muito semelhantes aos homens: os Elohim, ou “aqueles que vieram do céu”, graças a técnicas avançadas de engenharia genética.
Portanto, o ser humano seria o resultado de um engenhoso experimento de extraterrestres avançados, que utilizaram o DNA dos próprios Elohim. Além disso, estes seres teriam nomeado Vorilhon, como seu Raël, ou “mensageiro dos Elohim”.
Claude Vorilhon, jornalista e ex-piloto de corrida, escreveu posteriormente dois livros sobre o assunto: 'Le Livre Qui Dit la Vérité' ('O Livro que Diz a Verdade', em tradução livre), em 1974, e 'Les Extra-terrestres M'ont Emmené sur Leur Planète' ('Os Extraterrestres Me Levaram ao Seu Planeta', em tradução livre), em 1975. Este último estaria baseado em um hipotético novo encontro com os Elohim.
O Raël (ou seja, Vorilhon) está localizado no topo da estrutura hierárquica de seis níveis do movimento Raeliano, que exige a todos os seus membros que eles sigam um estilo de vida saudável e uma dieta vegetariana.
Aqueles que decidiram aderir ao movimento raeliano são convidados a doar 10% de sua renda para a construção de uma embaixada dos Elohim em Jerusalém, para quando estes retornarem à Terra.
O movimento acredita que o grande retorno dos Elohim extraterrestres à Terra ocorrerá no ano de 2035, desde que os humanos cumpram seus objetivos, como difundir os ensinamentos raelianos e construir a embaixada.
Segundo Ezael De Marco, chefe do movimento raeliano na Itália, entrevistado por Messaggero, a embaixada, com status extraterritorial, seria “uma espécie de sede em território neutro, composta por 24 apartamentos, um restaurante, uma sala de conferências e um piscina, para poder estabelecer e fundar uma nova ordem baseada nos primórdios da ciência".
E acrescentou: “Virá, mais ou menos, uma dezena de indivíduos, acompanhados pelos grandes profetas (Jesus, Moisés, Buda, Maomé), que deixarão outro planeta onde vivem felizes, graças a um sofisticado processo de clonagem, para estarem ao lado dos seus filhos”.
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Segundo o movimento raeliano, Moisés, Jesus, Maomé e Buda foram profetas enviados à Terra para ajudar e guiar os seres humanos. Todos nasceram da relação entre uma mulher humana e um Elohim, auxiliados pela engenharia genética e pela síntese de DNA.
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Para fazer parte do movimento raeliano é necessário passar por um rito de iniciação, com características semelhantes ao batismo cristão, realizado apenas por adeptos de nível superior.
Este ritual só pode ser realizado quatro vezes por ano: no primeiro domingo de abril (para comemorar a primeira vez que Raël batizou os primeiros integrantes do movimento), no dia 6 de agosto (para lembrar as atrocidades de Horoshima), no dia 7 de outubro (data onde Raël teria conhecido Jesus, Maomé e Buda, durante o seu segundo encontro com os Elohim) e no dia 13 de dezembro (data do primeiro encontro).
Durante o rito de iniciação, segundo o movimento raeliano, é importante comunicar-se telepaticamente com os Elohim, para que estes registrem todas as informações genéticas do iniciado.
Tal como acontece com as religiões mais conhecidas, no movimento raeliano existe uma espécie de recompensa por se comportar de maneira digna, nesta vida. Os Elohim, depois de terem julgado as ações dos membros que chegaram ao fim da sua existência terrena, poderão decidir, inclusive, se lhes garantem a imortalidade. Como? Através da clonagem.
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“No final da nossa jornada de vida, medem com um grande computador espacial, se o saldo pessoal foi positivo ou negativo. Se merecemos, seremos recriados e manteremos todo o conhecimento adquirido na vida anterior”, palavras de Ezael De Marco no Messaggero.
Di Marco também descreveu como os Elohim passam os dias: “Eles não trabalham, são felizes e aproveitam a vida. Tudo o que precisa ser feito é confiado aos robôs biológicos”. Esta civilização também não segue nenhuma lei: “As leis são para os homens, não para os deuses. o governo geniocrata (governo dos gênios) dos Elohim", diz.
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O movimento raeliano não está isento de fortes controvérsias, que o acompanharam ao longo dos anos, especialmente no que diz respeito à clonagem e a outros tipos de supostos abusos.
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Em 1997, os Raelianos fundaram a Clonaid, uma organização que afirma haver clonado uma criança chamada Eva e, posteriormente, outros indivíduos. Cientistas independentes nunca tiveram a oportunidade de examinar a suposta criança ou a tecnologia utilizada, razão pela qual a comunidade científica afirma que se trata de uma farsa.
No movimento raeliano, a sexualidade também desempenha um papel decididamente importante: o amor livre é promovido. Assim, seus membros têm sido, frequentemente, atacados pela mídia e acusados de abusar de mulheres.
Outro debate acalorado diz respeito ao seu símbolo oficial, composto por uma estrela de David e uma suástica. Após numerosos protestos da opinião pública, esta última foi substituída por uma flor estilizada, embora o antigo símbolo continue muito presente entre os fiéis.
O movimento raeliano se espalhou pelo mundo ao longo dos anos. Até o momento, segundo Di Marco, aderiram cerca de 120 mil pessoas em mais de 100 países.
A maior parte da informação nesta galeria foi retirada de um artigo escrito por Anna Kira Hippert e publicado no site Religionmediacentre.org.uk.