A verdadeira história da Rainha Charlotte, protagonista do spin-off de 'Bridgerton'
A monarquia britânica sempre fascinou milhares de pessoas no mundo, seja na vida real, seja na ficção. Uma das provas disso é o sucesso da série 'Rainha Charlotte: Uma história Bridgerton', lançada, em 2023, na Netflix.
Imagem: Netflix
Os seis episódios desta minissérie centram-se na ascensão da jovem alemã Charlotte de Mecklenburg-Strelitz, que virou Rainha da Grã-Bretanha e Irlanda, aos 17 anos, após casar-se com o Rei George III. Séculos após a sua morte, ela continua a intrigar os historiadores, que se interrogam, sobretudo, sobre a sua cor de pele.
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Para interpretar a rainha Charlotte, em diferentes fases, a roteirista Shonda Rhimes escolheu duas atrizes: India Amarteifio e Golda Rosheuvel.
No spin-off de Bridgerton, o casamento da rainha Charlotte com o rei George III abre as portas para a comunidade negra aos escalões superiores da sociedade e cria um movimento pela igualdade racial na Inglaterra.
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Na verdade, ninguém sabe, ao certo, qual era a verdadeira cor da pele da rainha Charlotte da Inglaterra. Entretanto, várias teorias foram apresentadas pelos historiadores.
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Em quadros da época, a rainha Charlotte tem uma tez pálida, mas sabe-se que, na época, era comum que os nobres colocassem muito pó no rosto. Além disso, o artista também poderia haver optado, voluntariamente, por clarear a pele de sua retratada.
A foto é é de um quadro de Benjamin West, de 1777.
Este quadro de Allan Ramsay, do final do século XVIII, mostra a rainha Charlotte em uma nova perspectiva. Muitos veem em seu rosto traços "africanos", pele levemente bronzeada, narinas mais arredondadas e lábios relativamente carnudos. Segundo alguns historiadores, esta seria a prova de suas origens mistas. Apesar disso, nenhuma ascendência africana foi encontrada em sua genealogia. De fato, há historiadores que acreditam em que ela tinha ascendência portuguesa.
Sophie-Charlotte de Mecklenburg-Strelitz nasceu em 19 de maio de 1744, em um antigo ducado localizado no nordeste da Alemanha. Ela era filha do duque Carlos I de Mecklenburg-Strelitz e da duquesa Elisabeth- Albertine de Saxe-Hildburghausen.
Embora Charlotte tenha crescido em uma família aristocrática, sua linhagem é menos prestigiosa do que a das princesas reais. Seus ancestrais eram principalmente príncipes, condes ou duques, e apenas dois deles parecem ter sangue real: Frederico I da Dinamarca e Noruega (1471-1533) e Gustavo I da Suécia (1496-1560). É em particular essa falta de sangue real direto que pode dar uma pista sobre suas origens.
Em 1760, os conselheiros do novo rei da Inglaterra, George III, decidiram procurar uma princesa protestante para, acima de tudo, dar-lhe um herdeiro. Negociaram então com o príncipe Adolphe-Frédéric IV, irmão de Charlotte.
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Assim, com apenas 17 anos, a tímida alemã, que não falava uma palavra em inglês e nunca havia pisado em território britânico, casou-se com o rei George III, no dia 8 de setembro de 1761, na Capela Real do Palácio de Saint James (Londres).
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De acordo com os escritos dos historiadores, a princesa Charlotte casou-se apenas seis horas depois de chegar à Inglaterra. Também teria sido neste dia em que ela conheceu o rei George III.
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O casamento entre o rei George III e a princesa Charlotte foi bem-sucedido. Segundo os relatos da época, fortes laços foram criados entre eles, ao longo do tempo, e viveram uma sólida e bela história de amor.
A rainha Charlotte e o rei George III tiveram 15 filhos juntos, 13 dos quais atingiram a idade adulta. Entre eles estava o futuro rei da Inglaterra, George IV, e Edward-Auguste de Kent, pai da futura rainha Victoria.
A rainha Charlotte fez questão de proporcionar às filhas uma educação completa, o que não era costume na época georgiana. “Sou da opinião de que se as mulheres tivessem as mesmas vantagens que os homens em sua educação, elas também o fariam”, afirmou ela.
O rei George III e a rainha Charlotte compartilhavam uma paixão pela botânica e pelas artes. Ela foi uma grande mecenas das artes, apoiando muitos artistas como Johann Christian Bach, Thomas Gainsborough e o muito jovem Amadeus Mozart, que lhe dedicou seis sonatas.
A minissérie também enfoca a doença mental do rei. Embora na ficção George III já parecia sofrer de demência ao conhecer Charlotte, na realidade, ele teria sido acometido por suas primeiras crises psíquicas em 1765.
Na época, as doenças mentais eram desconhecidas e os médicos não conseguiam curar o monarca. Entre depressões, alucinações e convulsões, o rei teve recaídas ao longo do tempo, até não poder mais governar, em 1811. Seu filho mais velho foi então proclamado regente.
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Em seus escritos, Francis Burney, um romancista britânico que foi pessoa de companhia da rainha Charlotte de 1786 a 1791, retrata uma mulher devastada pelo estado de saúde de seu marido.
Imagem: Netflix / "Queen Charlotte: A Bridgerton Chapter"
“Às vezes, ela anda de um lado para o outro na sala sem dizer uma palavra, mas balançando a cabeça com frequência, em evidente angústia e indecisão”, diziam as anotações de Francis Burney.
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No início da doença do rei George III, a rainha Charlotte não pôde visitá-lo, pois seu comportamento era muito instável, até mesmo violento.
Isso não impediu Charlotte de proteger e apoiar o marido ao longo de sua vida e doença, segundo os historiadores. Ela foi sempre leal e fiel a ele.
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A rainha Charlotte morreu em 1818, aos 74 anos, no Palácio de Kew, dois anos antes de George III. Seu corpo, agora, repousa na Capela de São Jorge, em Windsor.
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De uma jovem introvertida, ela transformou-se, com o tempo, em uma mulher assertiva e em uma rainha adorada por seu povo.
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Charlotte teve um grande impacto na sociedade britânica, tanto que seu nome foi dado a muitas cidades e territórios ao redor do mundo.
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Além disso, a famosa sobremesa que leva seu primeiro nome também teria sido inventada em sua homenagem!