Sinais de que uma pessoa pode sofrer do transtorno alimentar ARFID
O transtorno alimentar evitativo restritivo (ARFID) caracteriza-se por uma aversão extrema a determinados alimentos, com base em sua textura, cheiro ou experiências negativas anteriores.
O ARFID ultrapassa as preferências alimentares comuns: algumas pessoas consomem uma quantidade muito restrita de alimentos ou têm um medo intenso de experimentar novos sabores, enquanto outras demonstram total desinteresse por comer.
Embora as pesquisas ainda sejam limitadas, estudos indicam que o ARFID afeta entre 0,5% e 5% da população dos EUA, segundo a National Eating Disorders Association.
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"Eu o descreveria como um transtorno alimentar silencioso, pois é amplamente prevalente, mas também o menos estudado e debatido", afirmou o Dr. Stuart Murray, professor associado de psiquiatria e ciências comportamentais na Universidade do Sul da Califórnia, em entrevista à CNN.
O conceito de ARFID só foi oficialmente reconhecido como um diagnóstico no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) em 2013, substituindo o anterior "transtorno alimentar da infância".
Os sinais de ARFID geralmente surgem na infância, uma fase em que a seletividade alimentar é comum. Segundo o Dr. Murray, a diferença está no comportamento: enquanto um comedor seletivo pode experimentar algo no prato, quem tem ARFID frequentemente não consegue comer nada.
Kate Dansie, diretora clínica do Eating Disorder Center em Rockville, em Maryland, explicou à CNN que pessoas com ARFID costumam ingerir apenas 5 a 10 tipos de alimentos.
Foto: Arnold Antoo/Unsplash
A CNN destacou o caso de uma menina de 7 anos que consumia apenas cinco alimentos muito específicos, como creme de leite verde e Pringles de cebola, mas exclusivamente em embalagens pequenas.
Foto: Unsplash - Arnold Antoo
Muitos especialistas acreditam que o ARFID resulta de uma combinação de fatores, como o temperamento da criança, predisposição genética e eventos desencadeadores, como engasgos ou vômitos, relatou a Kids Health.
Além disso, condições físicas, como alergias, podem contribuir para os problemas alimentares. Em outros casos, traços de personalidade, como rigidez ou medo de mudanças, também influenciam negativamente.
Uma revisão de 2023 sobre estudos de ARFID revelou que mais da metade das pessoas com esse transtorno também apresentavam condições psiquiátricas ou somáticas. Ansiedade, depressão, distúrbios do sono e dificuldades de aprendizagem são problemas frequentemente associados.
Além disso, estudos indicam que entre 8% e 55% das crianças com ARFID também são autistas.
O ARFID pode levar a sérios problemas de saúde, como atraso no crescimento e deficiências nutricionais graves. Segundo Murray, os efeitos em crianças podem ser "bastante significativos", fazendo com que elas saiam da curva de crescimento e desenvolvam desequilíbrios nutricionais.
O transtorno alimentar também pode causar isolamento, já que os afetados tendem a evitar eventos sociais que envolvam comida, o que pode agravar a ansiedade e aumentar o risco de depressão.
Foto: Chinh Le / Unsplash
O tratamento eficaz envolve uma abordagem combinada, com estratégias nutricionais para assegurar a saúde física e terapias psicológicas para abordar a ansiedade e os problemas sensoriais relacionados à alimentação.
A intervenção precoce é essencial para evitar a progressão do transtorno. "Sem o tratamento, a lista de alimentos evitados pode aumentar exponencialmente", afirmou o Dr. Murray à CNN.
Geralmente, utiliza-se uma estratégia que associa novos alimentos aos já aceitos, facilitando a ampliação da dieta e ajudando a reduzir a ansiedade.
Se seu filho não estiver comendo, é natural sentir frustração. No entanto, é importante não incentivar a alimentação forçada, pois pode agravar a ansiedade alimentar.
A Kids Health recomenda apoio familiar, refeições agradáveis e reforço positivo para bons hábitos alimentares, além de técnicas de respiração para controlar o estresse.
O ARFID não é limitado à infância. Se você reconhecer os sintomas em si mesmo na adolescência ou na vida adulta, é fundamental buscar ajuda.
Como destaca a National Eating Disorders Collaboration: “Quanto mais cedo você procurar apoio, mais próximo estará da recuperação. Seu médico pode ser um excelente ponto de partida para obter orientação e acessar tratamentos para transtornos alimentares.”
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