Jogadores que sofreram racismo em campo
Apesar de sempre haver existido, o racismo no futebol tem sido muito debatido, atualmente. Para isso, infelizmente, foi preciso que Vinicius Jr. sofresse uma série de ataques racistas (e a imagem da Espanha ser manchada).
No dia 21 de maio de 2023, durante um jogo do Real Madrid contra o Valencia, Vinícius Jr. chegou a ser expulso por reagir aos insultos vindos da arquibancada. O caso deu a volta ao mundo e fez lembrar de outros jogadores que também sofreram racismo no campo.
No caso do jogador do Athletic Bilbao, Nico Williams, foram seus próprios torcedores que o insultaram, quando ele enfrentava o Osasuna, pela Copa del Rey. O futebolista chegou a excluir suas redes sociais, devido ao assédio sofrido. No canal DAZN, do Twitch, ele disse: “Não quero que aconteça o mesmo com ninguém, somos seres humanos e podemos falhar".
O irmão de Nico, Iñaki Williams, em uma partida de 2020, contra o Espanyol, em Cornellá, foi alvo de insultos de um grupo de torcedores rivais. Enquanto saía de campo, ao ser substituído, ouviu gritos da arquibancada imitando o som de um macaco. “Temos consciência de que se isso acontecesse (de novo), sairíamos de campo imediatamente. Seria um basta para o racismo”, afirmou.
Na Itália, o belga do Inter de Milão, Romelu Lukaku, comemorou efusivamente um gol de empate, aos 93 minutos. Isto porque o jogador havia aguentado gritos racistas durante toda a partida, na semifinal da Copa, contra o Juventus. Na ocasião, o árbrito expulsou o jogador, pelo gesto de colocar uma mão na testa e a outra em sinal de silêncio.
O jogador francês recebeu todo tipo de xingamento racista nas redes sociais, após perder um pênalti contra o Wolverhampton, em 2019, numa partida que terminou empatada. O meio-campista escreveu no Twitter: "Insultos racistas são ignorância e só podem me fortalecer e me motivar a lutar pela próxima geração".
Mario Balotelli já viveu vários episódios de racismo. Em 2018, na França, seu clube, o Nice, denunciou os gritos racistas proferidos contra o atacante, numa partida contra o Dijon. Infelizmente, o mesmo voltou a ocorrer em 2019 e 2020, no Brescia, em partidas contra Hellas Verona e Lazio, na Itália.
O jogador francês, naturaizado malinês, decidiu deixar o campo aos 71 minutos, enquanto defendia a camisa do FC Porto, num jogo de 2020, contra o Vitória de Guimarães. Os insultos racistas e gritos de macaco o impediram de jogar.
Outro jogador altamente insultado em campo devido a xingamentos racistas foi Samuel Eto'o. Em 2006, teve de deixar o campo, no Estádio de La Romareda, durante uma partida contra o Real Zaragoza. Finalmente, o atacante camaronês voltou a campo e seu clube dominou o rival.
Em 2005, durante um jogo contra o Inter de Milão, o então zagueiro marfinense do Messina parou o jogo e ameaçou sair de campo, cansado dos cânticos racistas vindos da arquibancada. Em 2006, voltou a sofrer insultos no estado de San Siro, por parte de torcedores fanáticos.
O meio-campista ganense, nascido na Alemanha, tornou-se um símbolo na luta contra o racismo. Em 2013, num amistoso entre o seu time, o Milan, e o Pro Patria, o futebolista pegou a bola e a chutou para longe. Logo depois, deixou o campo em sinal de protesto, seguido pelos companheiros.
Em uma partida de 2018, entre o Manchester City e o Chelsea, o atacante teve que aguentar insultos racistas dos torcedores de Stamford Bridge, por 90 minutos. “Sei que isso pode soar um tanto incômodo, mas o grande problema no momento é o racismo contra o qual estamos a lutar”, disse à BBC.
Anos antes, em 2006, o goleiro Carlos Kameni viveu uma das piores situações de sua carreira na Espanha, como ele mesmo revelou à rede SER: “Meu pior momento foi no campo do Zaragoza, no meu primeiro ano com o Espanyol. Ganhávamos de 1x0 e me insultaram de todas as formas, até que o árbitro me perguntou se eu queria que ele parasse o jogo”.
Os jogadores do Dijon e do Amiens pararam por cinco minutos uma partida da Ligue 1 francesa, em 2019, em resposta aos incessantes cânticos racistas contra Prince Gouano, zagueiro francês do Amiens.
O brasileiro chegou à Rússia em 2019 como a grande contratação do Zenit, de São Petersburgo, mas sua chegada não agradou o setor mais radical do clube, que ostentou uma faixa com dizêres irônicos: "Obrigado aos dirigentes pela fidelidade às tradições”, criticando a contratação do jogador brasileiro.
O zagueiro do Real Madrid já passou por várias situações difíceis, mas a mais notória foi em 2014, quando cerca de 500 radicais do Atlético de Madrid gritaram a palavra 'macaco' contra ele.
O então zagueiro central do Chelsea teve de aguentar um jogo inteiro contra o Tottenham, em 2019, enquanto ouvia cânticos racistas. Em abril de 2023, já como jogador do Real Madrid, também recebeu insultos racistas dos torcedores do Cádiz. Parece que o racismo no futebol é algo grave e generalizado, contra o qual a sociedade está a lutar.
Em 2020, o lateral denunciou o racismo persistente que existia, segundo ele, na seleção francesa. Mas seu caso mais conhecido foi com Luis Suárez. Segundo Evra, em uma partida de 2011, entre Manchester United e Liverpool, o atacante uruguaio, que estava suspenso por oito jogos, o chamou de "negro" várias vezes e disse que o estava atacando por isso.
Nunca foi provado, mas o zagueiro franco-guineense do Valencia, Mouctar Diakhaby, garantiu que Juan Cala, zagueiro do Cádiz, o ofendeu de maneira racista, durante uma partida pela Liga Espanhola, em 2022. O jogo foi momentaneamente interrompido, quando os jogadores valencianos deixaram o campo, após o ocorrido.
Durante um amistoso entre as seleções da Alemanha e da Sérvia, os jogadores alemães internacionais foram insultados por um pequeno grupo de espectadores, segundo a Federação Alemã de Futebol (DFB). Além de gritar "Heil Hitler", insultaram Sane pela cor de sua pele e Gundogan por sua origem turca.
Em 2011, o cabo-verdiano de nacionalidade suíça, Gelson Fernandes, que jogava emprestado no Chievo Verona, na Itália, teve seu carro arranhado com a palavra 'negro'. Além disso, defecaram na porta de sua casa.
Após o apito final da partida da segunda rodada da Liga espanhola, entre Levante e Atlético de Madrid, em 2014, o senegalês Pape Diop ouviu um setor da torcida do Atlético imitando sons de macacos, ao que respondeu com uma dança. "Eles gritaram comigo e, para suavizar a gravidade da situação, comecei a dançar como um macaco", disse ele, na coletiva de imprensa.
O lateral do Tottenham, Danny Rose, sofreu vários abusos racistas durante uma partida entre Inglaterra e Montenegro, em 2019. “Estou farto, faltam cinco ou seis anos para pendurar minhas chuteiras e não consigo ver o fim. O futebol está politizado e, para ser sincero, mal posso esperar para sair", disse à imprensa britânica.
Em abril de 2000, o atacante uruguaio Darío Silva, então jogador do Málaga CF, agrediu um torcedor do Real Oviedo, no estádio Carlos Tartiere. O futebolista revelou à mídia o que ouviu: “Preto, por que você não dá autógrafos para as crianças? Todos vocês, negros, deveriam estar mortos". O ato refleto o nível de ignorância e violência de parte da sociedade atual.
Durante um jogo contra o Chelsea, em casa, no Loftus Road, o defesa do Queens Park Rangers, Anton Ferdinand, foi severamente insultado pelo seu colega John Terry. As consequências? Terry perdeu seu posto de capitão da Inglaterra, teve um processo no tribunal (embora tenha sido inocentado) e foi suspenso por quatro jogos.
Desta vez, o jogador do Chelsea foi iatacado pelos próprios torcedores do clube londrino. Com apenas 21 anos, Abraham perdeu um pênalti na Supercopa da Europa de 2019, dando a vitória para o Liverpool. Nas redes sociais, choveram insultos racistas contra ele, enquanto seu clube e muitos jogadores da Premier League o apoiaram publicamente.
Em 2019, o futebolista inglês que jogava pelo alemão Bochum, por empréstimo do Arsenal, não conteve as lágrimas, após sofrer insultos racistas do jogador rival, Slimen Kchouk, num amistoso contra o suíço St. Gallen. Isso foi confirmado por seu treinador, Rubin Dutt: “Jordi me disse que foi insultado por causa da cor de sua pele. Por isso, deixou o campo completamente desolado".
O zagueiro senegalês, Kalidou Koulibaly, denunciou um torcedor da Fiorentina que o chamou de "macaco", no final de uma partida em que seu time, o Napoli, disputava contra os florentinos. Em 2022, voltou a sofrer insultos racistas dos adeptos do Atalanta, algo que a Federação Senegalesa de Futebol (FSF) descreveu como "estúpidos".
Outro caso na Itália é o do meia francês, de origem angolana, Blaise Matuidi, que, num jogo entre o Juventus e o Hellas Verona, recebeu insultos racistas dos adeptos veroneses. O mesmo voltou a ocorrer em 2018 e em 2019, com o Cagliari.
Durante uma partida disputada em 2014, uma banana foi atirada contra ele, por um torcedor do Villarroel, no momento em que ia cobrar um escanteio. Alves a descascou rapidamente e a mordeu. "Levo na brincadeira. Infelizmente, não podemos mudar, então é melhor ignorar. Assim eles não vão conseguir cumprir o objetivo", disse.
Assim como Dani Alves, Aubameyang também levou uma casca de banana, após comemorar um gol contra o Tottenham, com a camisa do Arsenal, em 2018. O autor foi preso pela Polícia Metropolitana de Londres, após ser identificado pelas câmeras de segurança do Emirates Stadium.
Já em 1996, em sua primeira temporada como jogador do Real Madrid, Roberto Carlos sofreu racismo em seus dois confrontos contra o FC Barcelona. Os torcedores lançaram-lhe insultos e receberam-no no Camp Nou com dizeres racistas, como "Roberto Carlos, o maldito chimpanzé".
Em 2018, Lerma, meio-campista colombiano do Levante sofreu um episódio de racismo quando o atacante do Celta de Vigo, Iago Aspas, o insultou citando a cor de sua pele. "Acredito que estes atos de racismo não podem existir. Iago Aspas me insultou e isso não pode ser permitido", disse ele, em entrevista à rede IN Sports.
O jogador do Juventus, filho de marfinenses, confrontou os torcedores do Cagliari em um jogo do campeonato italiano, em 2019, após ouvir insultos racistas. Quando marcou um gol, aos 85 minutos, desafiou a torcida, colocando os braços cruzados na frente deles.
Na reta final de uma das partidas do campeonato entre Elche e Granada, em 2013, a torcida proferia insultos racistas, fazendo o som onomatopaico do 'macaco', como relatou o árbitro da partida.
Em uma partida no estádio La Rosaleda, entre o Málaga CF e o Real Madrid, o atacante brasileiro Ronaldo Nazario jogou uma garrafa na arquibancada. Segundo ele, estava cansado de ouvir insultos racistas.
Em um grande jogo do campeonato italiano, em 2023, em que o Lecce venceu o Lazio, por 2 a 1, o zagueiro francês, Samuel Umtiti, saiu de campo aos prantos, após os graves insultos racistas que recebeu junto ao companheiro Lameck Band. "Só futebol, diversão, alegria. O resto não conta", postou no Instagram.
De volta à Itália, em 2019, na partida entre Fiorentina e Atalanta, o lateral-esquerdo Dalbert Enrique, farto de insultos racistas, dirigiu-se ao árbitro, parando o jogo por três minutos. Logo, uma mensagem proibindo tal atitude foi proferida pelo alto falante do estádio, mas os apitos dos adeptos soaram mais forte, tornando a mensagem inaudível.
Em uma partida da Copa Libertadores de 2014, em que seu time, o Cruzeiro, enfrentou os peruanos do Real Garcilaso, o meio-campista brasileiro, Tinga, teve que aturar cânticos racistas. Vários jogadores, como Neymar, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho mostraram seu apoio ao jogador.
Em um dos clássicos sevilhanos disputado em 2013, entre Sevilla e Betis, o zagueiro do Verdiblanco, Paulão, foi expulso por dois cartões amarelos e, ao sair de campo, teve de aturar xingamentos racistas dos torcedores do Sevilla, o que o fez cair em prantos. Até o presidente da Fifa, Sepp Blatter, afirmou sentir-se desolado com aquele evento.
Esses cinco jogadores disputaram um amistoso entre Inglaterra e Espanha, em 2004, no Santiago Bernabéu. Infelizmente, foram submetidos a cânticos racistas e sons de macacos, lançados pelos torcedores espanhóis. O ocorrido levou a uma multa significativa para a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), aplicada pela FIFA.
Seu momento mais tenso foi vivido como técnico do turco Istanbul Basaksehir, em 2020. Em uma partida da Liga dos Campeões, contra o PSG, o técnico recebeu um insulto racista por parte do quarto árbitro, que terminou com a suspensão da partida, que somente foi retomada no dia seguinte, com outra arbitragem.