Relembre quando espectador fez Vanderlei de Lima perder o ouro olímpico!
Vanderlei de Lima foi um dos maiores maratonistas brasileiros. Campeão da Maratona de Tóquio, em 1996, bicampeão dos Jogos Pan-Americanos, em 1999 e 2003, e campeão da Maratona Internacional de São Paulo, em 2002.
Além disso, conquistou o bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, cuja prova foi marcada por um incidente notável, que assustou (e indignou) o mundo todo.
Durante a corrida, liderando a prova e prestes a conquistar a medalha de ouro, Vanderlei foi surpreendido por um espectador, Cornelius Horan, que invadiu a pista e o agarrou, tentando interromper sua corrida.
O homem é um ex-sacerdote irlandês, conhecido por interferir em eventos esportivos de grande público. Anteriormente, havia entrado no circuito de Silverstone, durante o Grande Prêmio da Inglaterra de Fórmula 1, em 2003.
Após o ataque, Vanderlei perdeu o equilíbrio, mas foi ajudado por um espectador grego, Polyvios Kossivas, e conseguiu desvencilhar-se do agressor, voltando à prova, ainda na liderança.
No entanto, depois do susto, o brasileiro não conseguiu manter o mesmo ritmo e foi ultrapassado, nos quilômetros finals, pelo italiano Baldini (foto) e pelo estadunidense Meb Keflezighi.
Demonstrando um notável espírito esportivo, Vanderlei de Lima persistiu até o final da prova. Ao entrar no estádio olímpico, foi recebido por uma calorosa ovação da plateia. Sorrindo, realizou seu distintivo gesto de "aviãozinho", com os braços abertos, enquanto cruzava a linha de chegada.
Vanderlei ficou com a medalha de bronze, mas conquistou o mundo com seu gesto de humildade. Ele foi amplamente elogiado por sua atitude positiva e determinação em face da adversidade.
A Confederação Brasileira de Atletismo formalizou uma queixa junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI), solicitando a concessão da medalha de ouro para o atleta. No entanto, o apelo foi negado.
Foto: Unsplash - Bryan Turner
No encerramento dos Jogos de Atenas, foi anunciado que, devido ao espírito esportivo demonstrado ao persistir na disputa e à humildade evidenciada após a prova, Vanderlei receberia a Medalha Pierre de Coubertin, uma honra elevadíssima no esporte.
A medalha é concedida pelo Comitê Olímpico Internacional a atletas que priorizam o valor da competição olímpica acima da vitória.
A medalha foi entregue ao brasileiro em uma cerimônia oficial em sua homenagem, com a presença do espectador que o ajudou, Polyvios Kossivas (na foto, às esquerda), em dezembro de 2004, no Rio de Janeiro. Na mesmo ato, Vanderlei foi escolhido como "Atleta Brasileiro do Ano de 2004".
Em 2014, Vanderlei de Lima foi agraciado com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, a mais prestigiosa distinção concedida pelo Comitê Olímpico do Brasil, destinada a atletas que personificam os valores do esporte, da moral e da ética. O troféu foi entregue por Torben Grael (na foto, à direita), bicampeão olímpico de vela.
Nas Olimpíadas de 2016, Vanderlei foi o escolhido para acender a Chama Olímpica, durante a cerimônia de abertura, em nome de sua contribuição para o esporte brasileiro.
Em 2018, Vanderlei de Lima entrou para o Hall da Fama do Comitê Olímpico Brasileiro, que tem como objetivo garantir que as histórias de alguns dos principais atletas brasileiros sejam enaltecidas e eternizadas.