Relembrando George Best: mulheres, vício e Bola de Ouro
Se o futebol é, hoje, um esporte extremamente profissional, onde o nível mais alto só é alcançável com um estilo de vida irrepreensível, nem sempre foi assim.
O melhor exemplo desse "futebol de antanho" é George Best, norte-irlandês que esteve no topo do esporte, assim como em casas noturnas de Manchester, alternando entre jogadas geniais e ressacas.
Sob o apelido de "o quinto Beatle" devido à sua popularidade, corte de cabelo e estilo de vida extravagante, ele deixou uma marca duradoura em todos os fãs de futebol: como é possível ser tão talentoso e ao mesmo tempo tão despojado?
Vencedor da Bola de Ouro em 1968, George Best sempre proclamou seu amor pelas mulheres e pela bebida. Esta é a história do jogador mais louco e cativante do século XX.
George Best nasceu em 22 de maio de 1946 em Belfast, na Irlanda do Norte. Cresceu nos bairros operários da cidade. Sua mãe, uma ex-jogadora profissional de hóquei, enfrentava problemas com álcool, devido à guerra.
George Best foi criado nesse contexto operário, e seu pai, que jogou futebol até os 37 anos, compartilhou com ele sua paixão pelo esporte. De forma surpreendente, George demonstrou habilidades notáveis com a bola, desde muito cedo.
Em 1963, com apenas 15 anos, George Best foi descoberto pelo Manchester United, que decidiu contratá-lo e integrá-lo à sua academia de formação. O jovem fez sua estreia profissional aos 17 anos.
Atacante versátil, com habilidade para jogar tanto como ponta quanto como atacante central, George Best se destacou diante dos fãs devido à sua técnica excepcional e inteligência tática afiada.
O norte-irlandês era um jogador muito habilidoso em campo e, além disso, marcou gols espetaculares. Rapidamente, tornou-se o queridinho dos fãs e, apesar de sua juventude, titular indiscutível no Manchester United.
Em 1965 e 1967, George Best lidera os Red Devils para o título de campeão inglês. Os Mancunians estão no auge de seu desempenho e, em 1968, conseguem conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus com um gol de seu atacante estrela contra o Benfica.
No mesmo ano, George Best conquistou a Bola de Ouro e tornou-se uma verdadeira celebridade no Reino Unido, ao lado de figuras como John Lennon e Paul McCartney. Foi nesse momento que ele recebeu o apelido de "quinto Beatle" pela mídia.
O jogador era tão popular que o estádio de Old Trafford recebia, a cada semana, mais de 10.000 cartas de fãs, expressando seu amor por "Georgie Boy".
Exceto que, além de seus sucessos esportivos, George Best também é conhecido por seu estilo de vida. Em 1971, o treinador Matt Busby deixou o clube. Busby era praticamente um pai para George e o único capaz de direcionar o jogador.
Na ausência de seu "mentor", George Best afundou. Na época, com 25 anos, ele frequentava todos os cassinos da cidade. Começou a deixar de comparecer aos treinos e chegava completamente embriagado nos jogos.
George Best também começou a ganhar peso e deixar a barba crescer para evitar que seus quilos extras se tornassem muito evidentes. Em 1972, seu treinador, Tommy Docherty, estava cansado de suas atitutes e decidiu colocar George no banco.
Essa decisão não agradou ao jogador, que, praticamente, faltava a todos os treinos, causando irritação em todos os seus companheiros de equipe.
Willie Morgan, o ala escocês do clube, disse mais tarde: "George achava que era o James Bond do futebol. Ele tinha tudo o que queria, dinheiro, mulheres, fama. Ele vivia o momento e sempre se saiu assim. Quando ele faltava ao treino, as pessoas arranjavam desculpas para ele. Ele não precisava se importar com nada."
En 1974, o jogador foi demitido do Manchester United depois de chegar "titubeando" a um treino. Em 466 aparições em todas as competições, George Best marcou 178 gols pelo clube.
Mas se há algo verdadeiramente lendário no "quinto Beatle", são suas declarações completamente lunáticas, que o tornaram famoso em todo o mundo. Aqui estão algumas delas!
"Em 1969, parei com as mulheres e o álcool, foram os 20 minutos mais difíceis da minha vida."
Sobre David Beckham: "Seu pé esquerdo não serve para nada, é ruim de cabeça, não sabe dar carrinhos e não marca com frequência. Fora isso, ele é bom."
"Eu gastei muito dinheiro em álcool, mulheres e carros esportivos - o resto, eu desperdicei."
Durante sua curta passagem pelo Los Angeles Aztecs: "Eu tinha uma casa à beira-mar. Mas para chegar à praia, era preciso passar na frente de um bar. Eu nunca vi o mar."
Infelizmente, esse vício custou a vida de George Best, que morreu em 2005, aos 59 anos.
Em 2004, foi citado por Pelé na lista FIFA 100 dos 125 melhores jogadores de futebol vivos, com este último chegando a declarar que Best foi o melhor jogador que já viu jogar.
Ídolo de Pelé e Diego Maradona, George Best foi, inegavelmente, um personagem único.