Reação em massa para defender Vini Jr., após novo ataque racista

"Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. (...) Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas".

A mensagem é de Vini Jr., estrela do Real Madrid, considerado um dos melhores jogadores do mundo. Trata-se de um sincero desabafo sobre tudo o que vem sofrendo em campo. Foi publicada após torcedores do Valencia, clube contra quem jogava, no último domingo (21), o chamarem de "macaco" no Mestalla, estádio do Valencia.

Foto: Twitter - @vinijr

Os ataques começaram antes mesmo do jogo começar. Segundo imagens recebidas e publicadas pelo site uol, centenas de torcedores do Valencia cantavam: "Vinícius, você é um macaco" enquanto o ônibus do real Madrid chegava ao estádio.

Quando faltavam 20 minutos para o jogo terminar, Vini Jr. apontou a um torcedor por insultá-lo, aproximou-se da arquibancada e, atrás dele, vieram quase todos os jogadores. Houve empurrões e mais hostilidades, tudo muito distante da filosofia do futebol.

Mas o episódio só foi o estopim para o que viria depois: mais provocações de jogadores rivais, que fizeram Vini Jr. reagir, ser agarrado com um mata-leão por Hugo Duro e receber cartão vermelho.

A polêmica não terminou após o apito final, já que  De Burgos Bengoetxea, árbitro da partida, não havia incluído os ataques racistas em campo, na ata do jogo.

Assim, o documento teve que ser rectificado. A Comissão Técnica de Árbitros argumentou que foi um erro informático, mas Vini Jr. não pareceu muito satisfeito com a explicação.

Foto: Instagram - @vinijr

"Aos 73 minutos, um espectador da arquibancada sul "Mario Kempes" dirigiu-se ao jogador nº 20 do Real Madrid CF, Don Vinicius José De Oliveira Do Nascimiento, gritando para ele: "Macaco, macaco" para o qual o protocolo de racismo foi ativado, e o delegado de campo alertou-lhe pelo sistema de som”, diz a ata.

Não tardou para que jogadores de futebol de todo o mundo e inclusive políticos brasileiros enviassem mensagens de apoio a Vini Jr. através das redes sociais.

O presidente do Brasil, Lula da Silva não hesitou em condenar os ataques ao brasileiro: "Não é possível que, quase no meio do século XXI, a gente tenha o preconceito racial ganhando força em vários estádios de futebol aqui na Europa. Não é justo que um menino pobre que venceu na vida, que está se transformando possivelmente num dos melhores jogadores do mundo seja ofendido em cada estádio que ele comparece. Não podemos permitir que o fascismo e o racismo tomem conta dentro de um estádio de futebol."

A CBF também mostrou sua indignação com os acontecimentos, através de um twitter: "(...) Até quando vamos ter que lutar por atitudes concretas e eficazes dentro e fora dos campos? Não há alegria onde há racismo. Você tem todo o nosso carinho e de todos os brasileiros, Vini Jr."

Por sua vez, Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, disse em uma entrevista coletiva: "Para mim, o jogo devia ter parado. Não era uma pessoa que tinha ficado louca, era um estádio. É inaceitável. LaLiga espanhola tem um problema que não é Vinícius. Ele é a vítima".

Um dia depois, o presidente do Real Madrid, Florentino Perez, reuniu-se com Vini Jr. para, segundo comunicado publicado no site do clube, "mostrar-lhe seu apoio e carinho, informar-lhe de todos os passos que estão a realizar em sua defesa e confirmar-lhe que o clube chegará até as últimas consequências diante de uma situaação tão repugnante de ódio".

A ministra brasileira de Igualdade Racial foi uma das primeiras em publicar seu apoio ao jogador, nas redes sociais: "Repudiamos mais uma agressão racista contra o Vini Jr. Notificaremos autoridades espanholas e a La Liga. O Governo brasileiro não tolerará racismo nem aqui nem fora do Brasil! Trabalharemos para que todo atleta brasileiro negro possa exercer o seu esporte sem passar por violências."

Courtois, Camavinga, Fede Valverde, Benzema, Tchouameni, Mbappé, Achraf, Neymar, Paquetá e Ronaldo também se solidarizaram com Vinicius, assim que o jogo acabou.

Foto: Instagram - @k.mbappé

O jogador Neymar Jr. publicou nos stories de seu perfil do Instagram uma foto do colega de seleção com a frase: "Tô contigo, Vini Jr.!"

O colega Eder Militão também fez questão de mostrar, no Instagram, de que lado está: "Hoje foi mais um dia triste aqui na Espanha, mais um dia que infelizmente os racistas venceram. É uma vergonha! Sofrer racismo, se defender e depois ser expulso tentando se defender! Até quando temos que aguentar isso? Estou com você, irmão! @vinijr a nossa luta continua! "

O brasileiro Rodrygo, também jogador do Real Madrid, enviou a seguinte mensagem a Vini Jr., através de um stories no Instagram: "Enquanto isso, a gente segue escrevendo a nossa história por aqui. Vamos juntos, Vini Jr."

Rio Ferdinand, lenda do Manchester United e agora comentarista, foi um dos mais duros em seus comentários nas redes sociais.

Quem está a proteger Vini Jr.? Ele leva cartão vermelho depois de ser sufocado e abusado racialmente durante a partida. Quantas vezes eles terão que colocar esse jovem nessa situação? Eu vejo dor, vejo nojo, vejo quem precisa de ajuda e as autoridades não fazem nada para ajudá-lo. As pessoas precisam ficar juntas e exigir mais respeito das autoridades que mandam no nosso jogo", disse Rio Ferdinand.

Foto: Instagram - @rioferdy5

Ronaldo "Fenômeno" também denunciou o racismo na liga espanhola, em um post no Instagram: "Enquanto houver impunidade e conivência, haverá racismo. É inadmissível que árbitros, Federação e autoridades também fiquem sem ação e que torcedores aplaudam tamanho absurdo. Basta. Vini, conte comigo na sua luta. Na nossa luta.

A ministra de Igualdad da Espanha foi enfática em seu discurso: "Os cânticos racistas contra Vinicius Jr. não se podem banalizar nem normalizar. Basta de racismo no esporte e em nossa sociedade".