Messi e o Barça continuam ligados e este é o motivo
Já se passaram três anos desde que Leo Messi deixou o FC Barcelona, porém, a relação entre o jogador e o clube continua profunda. A significativa dívida financeira pendente com o craque argentino é o que mais une ambas as partes. E assim será até 2025.
Mas como é possível que a entidade catalã continue pagando ao ‘Pulga’ depois de tanto tempo jogando em outros clubes? Para explicar esta situação, temos que recuar a 2017, quando ele assinou o seu último contrato com o Barça, que segundo o jornal El Mundo ascendeu a 555 milhões de euros por quatro temporadas.
Esses 138 milhões por temporada foram, por sua vez, divididos em uma parte fixa e duas variáveis importantes – um bônus de renovação de 115 e uma cláusula de fidelidade de quase 78. Com tudo isto, Messi tinha um salário líquido de 71 milhões de euros anuais no FC Barcelona, acordo que chegou com Josep María Bartomeu.
No entanto, tudo mudou com a eclosão da pandemia de covid-19. As contas do Barça começaram a oscilar, coincidindo, em 2021, com a entrada na presidência de Joan Laporta e o fim do contrato de Lionel Messi.
Laporta conseguiu convencer Lionel Messi - como fez com outros jogadores como De Jong, Lenglet ou Piqué - a reduzir o seu salário, pela metade (35 milhões), segundo o AS, para que puderam cumprir a regra de gastos e o fair play financeiro. Mesmo assim, o clube não conseguiu impedir a saída do argentino para o PSG por transferência gratuita.
O FC Barcelona devia ao atacante 52 milhões de euros, no momento de sua saída, que seria recebido parcelado até 2025, segundo publicou o jornal Sport.
Segundo outro veículo, a Crónica Global, o valor exato que Messi concordou em diferir com a direção do Barça ascendeu a 47,67 milhões de euros de salário fixo, sem contar outro valor em termos de variáveis que elevariam esse valor para 52 milhões dos quais falava o Sport.
O valor seria pago seguindo prazos que coincidiam com os meses de dezembro de 2021, junho de 2022, dezembro de 2022, junho de 2023, dezembro de 2023, junho de 2024, dezembro de 2024 e junho de 2025. Oito parcelas de 5,95 milhões de euros (sem contar as variáveis).
A precária situação econômica do clube catalão não pode ser compreendida a 100%, sem ter em conta este adiamento do pagamento dos contratos dos seus jogadores durante a pandemia (127,1 milhões no total), como é o caso de Messi, e que têm sido um fardo durante quatro anos, segundo a jornalista Adrià Soldevila da Cadena SER.
Numa entrevista ao jornal La Vanguardia, em meados de 2023, Joan Laporta confirmou a notícia que a imprensa vinha publicando: “O que lhe é devido é o diferimento da folha salarial que foi acordada com a anterior direção e que produz pagamentos pendentes que terminam em 2025".
O presidente culé garantiu que Messi recebia e continuaria a receber todos os seus pagamentos, "religiosamente", mas surpreendeu a todos ao garantir que queria incorporá-lo novamente ao plantel do Barça naquele mesmo ano, em que ele acabaria assinando pelo Inter Miami.
"Tínhamos um acordo com a La Liga de que dedicaríamos parte dos recursos que temos a Messi. Estava contemplado no plano de viabilidade. Comunicamos isso a Jorge Messi", revelou Laporta, na época.
"Ele me disse que Leo passou um ano muito difícil em Paris e que queria menos pressão. Com a nossa opção, ele teria continuado a exercer pressão e eu compreendi a sua decisão", completou.
Mas a realidade é que praticamente ninguém levou a sério as palavras de Laporta, tendo em conta a situação financeira do clube e as dívidas pendentes com o argerntino, que aumentariam com o seu regresso. E isso ficou evidente quando Messi foi apresentado no dia 16 de julho no estádio DRV PNK em Miami.
O próprio Messi confessou que houve contatos com o Barça, segundo a RTVE: “Foi preterida uma proposta, mas nunca uma proposta formal, escrita, assinada, porque ainda não havia nada e não sabíamos se ia ser possível ou não".
E continuou: "Faltaram muitas coisas. O clube não teve condições de me garantir 100% que eu poderia voltar”.
Em janeiro de 2024, a La Liga anunciou o limite salarial atualizado dos clubes após o mercado de inverno, observando que o do Barça ascendia a 204 milhões (anteriormente 270) e, de acordo com os números de gastos dos funcionários da UEFA, o clube ultrapassou os 300 milhões, sendo o segundo em Europa com a massa salarial mais elevada (505 milhões) depois do PSG.
Dados que explicam perfeitamente a sua situação e a impossibilidade, apenas meio ano antes, de efetuar o regresso de Messi.
O Barça tem tido problemas em incorporar novos jogadores, até conseguir voltar à chamada regra 1x1 da La Liga, que estabelece que por cada euro que um clube economiza na sua folha salarial, só poderá gastar um euro em novas contratações.
Enquanto o Barcelona não estiver em números positivos nesse sentido, o investimento só poderá chegar a 30% e, no melhor dos casos, a 50%.
A questão que será atenuada depois do verão de 2025, quando jogadores de futebol como Lionel Messi – hoje já defendendo as cores de outros clubes – terminarem de cobrar as suas dívidas pendentes.