O que aconteceu com Michelle Jenneke, a sensação do atletismo australiano?
O nome da atleta Michelle Jenneke não está em alta no momento, mas ela já foi considerada uma das promessas mais entusiasmantes do atletismo mundial, graças ao seu bom desempenho e à sua atitude positiva perante o esporte.
Nas Olimpíadas do Rio, em 2016, Jenneke foi destaque do atletismo feminino e estampou os outdoors da cidade, ao lado de Usain Bolt.
Além disso, ela foi a estrela de um comercial da Coca-Cola, que promoveu os jogos mundialmente. Michelle Jenneke continua ativa e promete voltar à sua melhor forma, na corrida com obstáculos.
Nascida em 23 de junho de 1993, em Kenthurst, Nova Gales do Sul, Austrália, Jenneke teve uma infância muito ativa. Ela jogava futebol, handebol e futebol australiano, um jogo parecido ao rugby. Nas horas vagas, gostava de subir em árvores.
Aos nove anos, começou a levar suas atividades esportivas para o próximo nível e ingressou em seu primeiro clube de atletismo, o Ryde Little Athletics.
Quando Michelle Jenneke tinha 10 anos, juntou-se ao Cherrybrook Little Athletics Club, nos arredores de Sydney. A esta altura, a jovem atleta declarou sua paixão pelo esporte e começou a implementar um treinamento sério, com um cronograma de competições.
O resultado foi surpreendente e Jenneke destacou-se no atletismo juvenil da Austrália. Em 2010, ficou em segundo lugar nos 100m com barreiras feminino, nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Singapura. Apenas dois anos depois, em 2012, foi finalista do Campeonato Mundial Júnior, em Barcelona.
Foi nesta competição que Jenneke ficou conhecida mundialmente. Sua dança de aquecimento única e enérgica, caracterizada por seu sorriso alegre e contagiante, fez dela uma sensação na internet, com milhões de visualizações no YouTube.
Jenneke contou à 'Wide World of Sports', na Austrália, em 2023, que começou a fazer sua dança característica, antes de cada corrida, no Campeonato Australiano All Schools Championships, em 2009. Isto porque seu treinador sugeriu que fizesse algo para "se animar". Na ocasião, ela registrou um recorde pessoal e vem fazendo isso desde então.
"Honestamente, é muito importante. É algo que venho fazendo antes das corridas há muito tempo, inclusive nos treinos. É apenas algo para relaxar. Sinto que corro melhor quando estou assim", disse Jenneke.
Com a fama recém-adquirida, Jenneke tornou-se um nome familiar na Austrália e em muitos outros países. Sua imagem foi usada em comerciais publicitários e ela passou a ser procurada para participar em programas de entrevista. O curioso é que muitos destacavam a discordância entre sua energia radiante e alegre e a seriedade da corrida de barreiras.
Ela disse ao programa de educação esportiva 'Beyond the Game', em 2017, que sua rotina de aquecimento levou a muitos equívocos sobre a seriedade com que ela leva o esporte. “Quando sorrio e estou feliz, as pessoas pensam que é porque eu não me importo com o esporte ou com meu desempenho, mas isso não poderia estar mais longe da verdade."
Em abril de 2016, Michelle Jenneke venceu a final do Campeonato Nacional Australiano de 100m com barreiras, com o tempo de 12,93, qualificando-se para as Olimpíadas do Rio. Ela entrou para o evento como um dos maiores nomes de toda a competição.
Infelizmente, apenas duas semanas antes ds Olimpíadas, a atleta sofreu uma lesão na perna direita. Apesar dos esforços de sua equipe, Jenneke chegou às eliminatórias aquém das expectativas e registrou o tempo de 13s26, em sexto lugar nas eliminatórias, ficando de fora do torneio.
O resultado foi desanimador e Jenneke sofreu as consequências disso. Além da mídia australiana ter se voltado contra ela, o técnico do atletismo australiano, Craig Hilliard, criticou seu desempenho, chamando-a de "incompleta".
Após a decepção das Olimpíadas do Rio, Jenneke fez uma pausa do atletismo, para concentrar-se nos estudos universitários. Ela formou-se em mecatrônica e, em paralelo, terminou a reabilitação da lesão que havia sofrido na perna.
Jenneke continua a fazer reabilitação por conta de lesões recorrentes, incluindo dois anos de fisioterapia contínua. No entanto, desde 2017, voltou a competir nos 100 m com barreiras. Embora os resultados ainda não sejam os melhores, parece estar no caminho da vitória, mais uma vez.
Em 2022, Jenneke registrou seu melhor tempo pessoal, 12,66, no Campeonato Mundial de Atletismo de 2022, em Oregon. No mesmo ano, nos Jogos da Commonwealth em Birmingham, perdeu a medalha de bronze por apenas 0,09 segundos, ficando em quinto lugar. Ela contou à Fox Sports que: "Foi a corrida mais rápida dos Jogos da Commonwealth".
Jenneke foi classificada para as Olimpíadas de Paris, em 2024, depois de ter perdido a edição de Tóquio, devido a uma lesão no tendão.
“Eu só quero alcançar o padrão para as Olimpíadas, nas próximas semanas”, disse ela, ao canal da Equipe Olímpica da Austrália, no YouTube, em agosto de 2023. "A partir daí, espero poder correr ainda mais rápido".
Se ela conseguir ficar livre de lesões, mantendo um regime de treinamento ininterrupto, há chances de conseguir fazer o que todos esperavam que fizesse, há oito anos!