O boxeador que quis vender sua medalha olímpica a rival por necessidade
O cubano Mario Kindelan é reconhecido como um dos maiores boxeadores de todos os tempos, mas nunca teve uma carreira profissional.
Em sua última luta como amador, um comentarista de boxe referiu-se a ele como um "quase profissional", indicando seu domínio nesta categoria.
O boxeador peso leve brilhou no cenário do boxe amador entre 1999 e 2004, vencendo todas as sete competições de que participou.
Durante esse período, Kindelan ganhou duas medalhas de ouro olímpicas, três medalhas de ouro em campeonatos mundiais e duas medalhas de ouro nos Jogos Pan-americanos.
O cubano também conquistou duas medalhas de ouro na América Central e no Caribe, em 1993 e 1998, antes de iniciar sua impressionante sequência de vitórias, em sua época áurea, a partir de 1999.
Kindelan terminou a carreira com um recorde inacreditável no boxe: venceu 358 lutas e perdeu apenas 22. Entre 1999 e 2004, quando se aposentou, permaneceu invicto, despertando a admiração de todos.
Um lutador com o qual os fãs de boxe talvez estejam mais familiarizados é Amir Khan, ex-campeão mundial dos pesos superleves, que Kindelan derrotou várias vezes, em nível amador.
Antes das Olimpíadas de 2004, Kindelan venceu Khan por 33-13, e o derrotou na disputa pela medalha de ouro, nas Olimpíadas de 2004, por 30-22.
No começo de dezembro de 2023, Khan e Kindelan encontraram-se em Bahrein, um país do Oriente Médio, mas a conversa surpreendeu Khan. O cubano ofereceu a ele sua medalha de ouro olímpica, por 5 mil dólares.
Kindelan precisava de dinheiro para construir uma nova casa para sua mãe. A verdade é que ele nunca ganhou dinheiro com sua experiência no boxe. Khan decidiu dar a ele os 5 mil dólares, sem a medalha envolvida.
De acordo com essencialmentesports.com, Khan disse: "Essa medalha de ouro pertence a ele. Ele é um campeão. Ele ganhou de mim nas Olimpíadas. Então, eu quero dar a ele cinco mil dólares para que ele construa sua casa."
Além de Khan, o boxeador cubano derrotou boxeadores importantes, antes de se tornarem campeões mundiais profissionais, como Félix Trinidad, Miguel Cotto, Andreas Kotelnik e os também campeões olímpicos Somluck Kamsing e Félix Díaz.
Kindelan tinha experiência e técnica para ganhar milhões de dólares no esporte, mas decidiu desistir e nunca lutou por dinheiro. Por que?
Até 2013, os esportes profissionais em Cuba eram proibidos, o que significa que um atleta deveria representar seu povo nas Olimpíadas por amor, não por dinheiro.
Quando questionado se havia tido interesse pelo boxe profissional, Kindelan disse: "Sim, mas é muito importante para mim ficar em Cuba. Amo minha família, ela significa mais para mim do que todos os milhões no mundo", relatou o The Guardian.
"O boxe me deu a fama e a chance de viajar pelo mundo. Assim, o esporte tem sido muito bom para mim", acrescentou.