Assim é como Milei quer que seja o futebol na Argentina

Milei quer uma mudança radical no futebol argentino
Milei jogava bola
Um decreto que afeta diretamente o futebol
Sociedades anônimas
O que isso significa?
A declaração de Milei
A crise econômica também ameaça os clubes
Abertura para o capital privado
O Chelsea está interessado em comprar um clube argentino?
Grupos árabes poderiam considerar grandes investimentos
Qual o interesse?
Contra os estatutos da AFA
Apelo de proteção CAD
Interferência política que pode levar a sanções da FIFA
Os clubes foram contra
O que disse o Boca Juniors?
E o River Plate?
San Lorenzo também defende seus estatutos
Newell's também é contra
Independente
Declaração da Liga Argentina de Futebol Profissional
Conseguirá privatizar o futebol?
Milei quer uma mudança radical no futebol argentino

O recém-eleito presidente da Argentina, Javier Milei, parece motivado a promover uma transformação radical tanto na política de seu país, como também no futebol, uma das paixões mais arraigadas entre os argentinos.

Milei jogava bola

Milei foi jogador juvenil no Chacarita Juniors e, atualmente, é torcedor e membro do Boca Juniors, equipe que recentemente realizou eleições presidenciais. Vale ressaltar que, durante o processo eleitoral, Milei teve que ser escoltado para fora, ao ser vaiado e insultado pelos torcedores do clube.

Um decreto que afeta diretamente o futebol

Poucos dias depois de chegar à Casa Rosada, Milei anunciou aos cidadãos uma série de medidas, incluídas no Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), que, por enquanto, está paralisado pela Justiça. Curiosamente, um de seus planos afeta diretamente o futebol.

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Sociedades anônimas

O artigo 27 do referido decreto aborda a alteração na Lei das Sociedades por Ações e tem impacto direto nos clubes de futebol argentinos. Com essa modificação, abre-se a possibilidade para que os clubes se tornem sociedades anônimas, se assim o desejarem.

O que isso significa?

O decreto explica que “para que uma sociedade civil se transforme em sociedade comercial ou decida ser sócia de sociedade anônima, seriam necessários os votos de dois terços dos associados”.

A declaração de Milei

Milei já havia falado sobre isso na televisão, em 2022, em entrevista ao jornalista Alejandro Fantino: “O que importa de quem é o clube? O que importa é vencer o River por 5 a 0 ou ser campeão mundial. Ou prefere continuar nesta miséria, com um futebol cada vez pior?"

A crise econômica também ameaça os clubes

Milei destacou o cenário em que, cada vez mais, jovens talentos do futebol argentino buscam sucesso na Europa, enquanto estrelas são perdidas devido aos desafios econômicos enfrentados pelos clubes, refletindo os problemas mais amplos enfrentados pelo país.

Abertura para o capital privado

Nesse sentido, o presidente argentino procura libertar os clubes do poder dos seus sócios, para convertê-los em empresas com capital privado, inclusiuve com fontes estrangeiras. Isso já ocorre em outros lugares, como é o caso da Premier League, com países como Arábia Saudita ou Qatar.

O Chelsea está interessado em comprar um clube argentino?

O próprio Milei garantiu, em entrevista à Rádio Mitre, que o Chelsea inglês tinha interesse em comprar um time argentino: “Há a vontade expressa [por parte do Chelsea] de querer comprar o Boca, Racing, Estudiantes, Newell's ou Lanús. É dinheiro rápido.”

Grupos árabes poderiam considerar grandes investimentos

E não é só o Chelsea. “Há grupos árabes à espera de investir 3 bilhões de dólares (em escala americana). O interessante é que é um negócio muito fácil, não precisa esperar dois anos, como se fosse montar uma fábrica”, afirmou Milei.

Qual o interesse?

“Sou torcedor do Boca. Se grupos de investimento colocarem uma fortuna no clube, fazendo com que o Boca sempre ganhe e o River não vença um único jogo, a questão é: onde eu assino?”, enfatizou Milei, na mesma entrevista.

Contra os estatutos da AFA

Contudo, essa iniciativa vai contra os regulamentos da Federação Argentina de Futebol (AFA) e, por isso, está atualmente paralisado pela Justiça Argentina.

 

Apelo de proteção CAD

Em 9 de janeiro de 2024, a Confederação Argentina de Esportes (CAD) entrou com um recurso para solicitar a suspensão cautelar das medidas contidas no Decreto de Milei, alertando que, caso fosse adiante, as próprias seleções argentinas poderiam ser sancionadas pela FIFA e pela CONMEBOL.

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Interferência política que pode levar a sanções da FIFA

Conforme o CAD, as ações do governo Milei "contrariam a autonomia, garantida por lei, das Associações Civis e Esportivas no pleno exercício de suas funções". Esta interferência política está em desacordo com os estatutos da FIFA e poderia resultar na exclusão da Argentina da Copa América e dos Jogos Olímpicos de Paris.

Os clubes foram contra

De fato, os próprios clubes de futebol expressaram discordância em relação à medida, emitindo comunicados que se opõem à proposta de Milei.

O que disse o Boca Juniors?

O clube do qual o novo presidente argentino é torcedor emitiu um comunicado: "O Boca Juniors ratifica seu caráter de Associação Civil sem fins lucrativos e a premissa de que nosso clube pertence às suas pessoas, seus sócios, que o fazem maior a cada dia".

E o River Plate?

Por outro lado, o seu eterno rival, o River Plate, também manifestou-se sobre o assunto: "Seguindo o espírito dos nossos fundadores, rejeitamos as sociedades anônimas no futebol argentino. O River Plate é uma Associação Civil sem fins lucrativos e pertencerá sempre aos seus associados, que são o sustentáculo destes 122 anos de grandeza."

San Lorenzo também defende seus estatutos

Aos dois clubes juntou-se San Lorenzo de Almagro: “A associação civil não pode ser convertida em sociedade anônima ou qualquer outro tipo de quadro societário”.

Newell's também é contra

O Newell’s Old Boys foi taxativo: “A instituição pertence aos seus sócios. Nesse sentido, nos manifestamos enfaticamente contra as corporações esportivas no futebol argentino”.

Independente

O Independiente de Avellaneda, por sua vez, destacou que “o Conselho de Administração está convencido de que nosso clube deve continuar como uma Associação Civil Sem Fins Lucrativos".

Declaração da Liga Argentina de Futebol Profissional

Já a Liga de Futebol Profissional (LFP) enfatizou, em um comunicado, que "as instituições pertencem àqueles que as apoiam", exaltando a premissa de que "o clube são os sócios".

Conseguirá privatizar o futebol?

O tempo dirá se Javier Milei conseguirá fazer o que quer no futebol argentino ou, pelo contrário, fracassará na sua tentativa, e o destino do futebol no país continuará nas mãos dos dirigentes e torcedores.

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