A incrível façanha do atleta Kilian Jornet nos Alpes
Em uma das modalidades esportivas mais desafiadores do mundo, a ultramaratona de trilha, Kilian Jornet está acima de todos: um atleta "de outro planeta", cujo último feito impressionou o mundo.
Ao longo do mês de agosto, o atleta espanhol lançou-se no maior desafio de sua carreira: conquistar os 82 picos de mais de quatro mil metros dos Alpes no menor tempo possível. Ele chamou o desafio de 'Alpine Connections' (em português, 'Conexões dos Alpes').
Em apenas 19 dias, Jornet conseguiu conectar os 82 picos de mais de 4 mil metros, percorrendo 1.207 quilômetros e com um ganho de altitude somado de 75 mil metros.
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“Preciso de tempo para processar o que vivi. Tenho na memória os maravilhosos amanheceres e entardeceres e as risadas dos amigos que me acompanharam”, publicou Jornet em suas redes sociais.
“O projeto é um desafio colossal devido à exposição, à dificuldade técnica e à abordagem que exige”, explicou o especialista em trilhas de ultramaratona, Ian Corless, na rede social X. "Para mim, essa é uma das maiores conquistas esportivas de todos os tempos", concluiu.
“Em uma combinação híbrida de corrida em trilha, montanhismo, escalada e ciclismo, Kilian Jornet reuniu tudo o que o apaixona: as montanhas, o desconhecido, a pesquisa fisiológica e a busca por limites físicos e mentais, tudo isso compartilhado com amigos e a comunidade”, acrescentou Corless.
A façanha de Jornet destaca-se também quando comparada a outros grandes atletas que já tentaram realizá-la. O recorde anterior pertencia aos italianos Franco Nicolini e Diego Giovanni, que completaram o desafio em 60 dias, ou seja, 41 dias a mais do que Jornet!
Nascido na cidade de Sabadell (Barcelona), Kilian Jornet é considerado um dos maiores corredores de montanha de todos os tempos.
Ele alcançou os recordes de melhores tempos na subida de picos icônicos, como o Mont Blanc, o Danali ou o Matterhorn, o que o torna um grande exemplo para os entusiastas da corrida em trilha.
Jornet é um atleta de extremamente disciplinado, o que o ajudou a alcançar todos esses feitos. Embora seja chamado de 'ultra-terrestre', também é reconhecido por sua notável humildade.
O pai de Kílian, Eduard Jornet, é guia de montanha e guarda em um refúgio a 1.986 metros de altitude, onde o jovem atleta viveu até aos 12 anos. Já sua mãe, Núria Burgada, é professora e treinadora de esqui de montanha.
Desde cedo, Kilian Jornet esteve imerso no mundo do montanhismo. Em entrevista ao jornal L'Indépendant, revelou ter escalado seu primeiro cume de 3 mil metros aos 3 anos e, aos 6, o Breithorn, de 4 mil metros.
Aos 13 anos, Kilian Jornet entrou no Centro Técnico de Esqui Alpinismo da Catalunha, onde passou a treinar intensamente na modalidade. Nessa época, decidiu dedicar-se totalmente ao esporte, conforme revelou ao jornal francês Le Matin, em 2009.
Após competir nas categorias juniores, Jornet começou a participar de provas seniores antes dos 20 anos, interagindo com grandes campeões da época, como Agustí Roc Amador e Florent Troillet.
Em 2009, aos 22 anos, o atleta catalão conquistou o primeiro lugar geral na Copa do Mundo de Alpinismo de Esqui e na Skyrunner World Series. No mesmo ano, quebrou vários recordes de cross-country, incluindo o GR20, o UTMB e o Tahoe Rim Trail.
Seu porte pequeno e peso leve (1,71 metros e 57 quilos) são ideais para corridas de longa distância. No entanto, além dessas vantagens físicas, suas qualidades pessoais o tornaram quase imbatível.
Depois de dominar o ultra-trail por cinco anos, o espanhol partiu para um novo desafio: o projeto 'Summits of my Life', focado em escalar os picos mais altos do mundo, incluindo o Everest, usando apenas tênis de corrida de trilha, sem machados de gelo ou oxigênio. Uma verdadeira loucura!
No período em que tentava atingir este novo marco na carreira, Jornet quebrou os recordes de escalada do Mont Blanc (8 horas, 42 minutos), do Matterhorn (2 horas, 52 minutos, ida e volta) e do Denali (11 horas e 40 minutos).
Por otro lado, sua obsessão por velocidade e desempenho foi criticada por alguns montanhistas, que o censuraram por sua suposta imprudência. O americano Dan Howitt falou sobre isso em seu livro 'The Rise of the Ultra Runners'.
“Nos últimos dez anos, viajei tão freneticamente de avião que meu estilo de vida foi catastrófico para o meio ambiente”, disse Jornet, ao jornal L'Obs. Desde então, dirige sua própria fundação para combater a poluição e aumentar a conscientização sobre a coleta de resíduos.
Em 2023, percorreu os 177 picos de três mil metros dos Pireneus em apenas 8 dias, outro feito impressionante. Qual será o próximo?