As cláusulas (quase) secretas que Maradona assinou no Napoli
Diego Maradona chegou à Europa em 1982, vindo de sua terra natal, a Argentina, para jogar no FC Barcelona. Após duas temporadas no time catalão, ele foi contratado, em 1984, pelo Napoli, da Itália, onde entregou seus melhores anos.
Sua época como jogador do Barça não foi das melhores. Em sua primeira temporada, ele perdeu três meses devido a uma hepatite.
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Depois, começou a segunda temporada com uma grave lesão no tornozelo esquerdo, que o manteve fora de campo por três meses e meio.
Sua passagem pelo time também incluiu uma suspensão de três meses por uma batalha campal na final da Copa del Rey contra o Athletic Bilbao.
Além disso, o argentino recebeu diversas críticas do então presidente do Barça, Josep Lluis Núñez, por seu estilo de vida em Barcelona.
Maradona tinha uma intensa vida noturna na cidade e passou a consumir substâncias ilegais, conforme relatado em 'La Mano de Dios ', biografia escrita por Jimmy Burns.
Nesta época, o Napoli tinha especial interesse em Maradona. Queria que o argentino fosse com o Barça, em 1984, jogar um amistoso no estádio San Paolo, para que os torcedores do Napoli o pudessem ver.
Anos depois, o então presidente do Napoli, Corrado Ferlaino, contou em entrevista exclusiva ao Goal: “O Barcelona concordou em jogar aquela partida, porém, perguntamos se Maradona viria e eles nos disseram que não, pois estava doente."
A justificativa não era verdadeira. O Barça, na verdade, não estava disposto a que a sua estrela pudesse sofrer uma nova lesão, algo que poderia comprometer a sua venda por um bom preço.
Ferlaino não tinha interesse na presença do Barça no estádio San Paolo - hoje Diego Armando Maradona - sem a presença do craque argentino.
Por isso, conforme explicou no Goal, contatou imediatamente o empresário de Maradona, Jorge Cyterszpiller, para saber o que estava realmente a acontecer.
Foi então que Cyterszpiller revelou uma versão diferente à dada pelo Barça: Maradona estava zangado com a diretoria do Barcelona. Nesse momento, o Napoli viu sua oportunidade e decidiu abordar a contratação do craque.
Para muitos, essa transferência era uma loucura completa, uma quimera. Na temporada anterior, a equipe napolitana lutava pela permanência na Série A e, de um momento para o outro, queria contratar o melhor jogador do momento.
Para que esta transferência pudesse finalmente ser concretizada houve uma figura fundamental. “A posição de Maradona foi decisiva, ele estava tão determinado a vir quanto a deixar o Barcelona”, disse Ferlaino ao Goal.
E continuou: “Até o último momento, não tínhamos a certeza de que ia ser fechado, tivemos que ficar até de madrugada esperando, depois que o Barcelona nos ligou para dizer que não queriam mais transferir Maradona. No final, conseguimos".
A história terminou com seu próprio final feliz. Maradona conseguiu deixar o Barça depois de dois anos infelizes, o Napoli adquiriu a grande estrela sobre a qual construiu um dos melhores projetos da sua história e o FC Barcelona embolsou o valor recorde, para a época, de cerca de 8 milhões euros.
Assim, no dia 4 de julho de 1984, em Roma, Maradona pisou, pela primeira vez, em solo italiano, em meio a um impressionante dispositivo de segurança composto por 200 policiais e, de lá, foi levado de carro para Nápoles.
O craque não assinou seu contrato no estádio do Napoli e sim em um iate chamado Silfra II, com o qual viajou com os dirigentes do clube até a ilha de Capri.
Esse contrato, pelas suas particularidades, foi mais um capítulo notável nesta controversa operação. Segundo o jornal AS, tinha validade de 4 anos, ao preço de 800 mil dólares por temporada, ou seja, 3,2 milhões de dólares em total. O mais chamativo, no entanto, eram suas 8 cláusulas especiais.
Maradona exigiu para ele 15% do valor de sua transferência, uma vila com piscina à beira-mar, uma casa para seu representante e dois carros.
Além disso, deveria receber 25% dos lucros acordados para todos os amistosos que disputasse, dez passagens aéreas entre Nápoles e Buenos Aires, prêmio duplo por partida vencida e entre 50 e 80% da receita publicitária das imagens divulgadas pelo clube.
No dia da sua apresentação, cerca de 80 mil torcedores lotaram o estádio de San Paolo, depois de pagarem 1.000 liras (28,50 euros) pela entrada. Mais de 200 jornalistas de todo o mundo estiveram presentes. Foi um dos grandes eventos de futebol ocorridos na década de 1980.
Depois de Maradona assinar com o Barça, Ferlaino viveu um episódio engraçado, o qual contou ao ESPN: “Eu estava tomando um uísque com gelo e um garçom me disse que Maradona era g o r d o e ia jogar somente um ano". Nada mais distante da realidade.
Maradona tinha apenas 23 anos quando entrou no Napoli. Lá, jogou um total de 7 temporadas e conseguiu levar os italianos ao topo, com uma Copa UEFA, dois campeonatos da Série A, uma Copa e uma Supercopa da Itália.
Sua passagem gloriosa pelo Napoli, -259 jogos, 115 gols e 81 assistências-, só foi prejudicada por seus vícios e por uma suspensão por doping que o manteve fora de campo por 15 meses e que gerou outros problemas com a lei.
Maradona decidiu deixar a Itália e ir para o Sevilla, em 1992, encerrando aqueles anos de sucesso.