Ontem e hoje de Adriano "Imperador": a dramática história de um craque
Nos anos 2000, um jogador de futebol aterrorizava as defesas mais do que qualquer outro. Veloz, poderoso e com uma finalização excepcional, seu estilo de jogo lembrava a de um Ronaldo “Fenômeno”.
Entretanto, em poucos anos, Adriano passou de "a maior esperança do futebol mundial" a alvo de inúmeras polêmicas em sua vida pessoal, marcada pela depressão, vício e graves acusações judiciais.
Mas como tal talento pôde desviar-se de sua trajetória inicial? Por que ele desistiu do futebol? Aqui está a dramática história de um jogador excepcional: Adriano.
Adriano Leite Ribeiro nasceu em 17 de fevereiro de 1982, na Vila Cruzeiro, uma das favelas mais conflitivas do Rio de Janeiro, Brasil. Cresceu em um ambiente difícil, marcado pela violência e pobreza.
Apesar desses obstáculos, o jovem Adriano encontrou refúgio no futebol. Com a bola no pé, desde cedo, ele impressionava as outras crianças, nas ruas estreitas de sua comunidade.
Sua paixão e talento chamaram a atenção dos recrutadores do Flamengo, um dos maiores clubes de futebol do Brasil. Aos 14 anos, Adriano ingressou na escola de juniores e começou a destacar-se por sua força física, técnica de chute e capacidade de fazer gols do nada.
Sua ascensão foi rápida e ele fez sua estreia profissional no Flamengo, em 1999, com apenas 17 anos. Em 2000, aos 18 anos, conquistou com o time o Campeonato Brasileiro, marcando 19 gols em 31 jogos.
Se suas estatísticas eram impressionantes, seu estilo de jogo era ainda mais. Adriano era um trator em campo e, apesar de seus 18 anos, impunha sua lei no gramado. Sua finalização era excelente para a idade.
Aquela temporada rendeu-lhe o título de revelação da competição e abriu-lhe as portas para a Seleção Brasileira. O nome de Adriano começa a soar pela Europa e um clube mostra grande interesse em tê-lo: o Inter de Milão.
O Inter desembolsou a quantia de 26 milhões de euros para comprá-lo, um valor considerável, naquela época. Entretanto, os primeiros meses do jogador de 19 anos foram complicados. Adriano lutava para adaptar-se ao novo estilo de jogo e de vida na Itália.
Adriano foi, rapidamente, emprestado à Fiorentina, mas não conseguiu evitar o rebaixamento do clube na temporada 2001-02, apesar de marcar 6 gols, em 15 jogos. Na temporada seguinte, foi emprestado ao Parma, onde, finalmente, alcança o sucesso.
Com 26 gols em 37 jogos, Adriano revela-se, aos 21 anos, como um dos goleadores mais eficazes de Itália. O Inter o reintegra ao time no final de 2003. É o começo de uma história de amor.
A temporada 2004-2005 é a mais memorável para Adriano. Associado a Christian Vieri na linha de frente do ataque do Milan, ele foi o artilheiro da Série A com 28 gols em 37 jogos. Passou a ser chamado de "Imperatore" (Imperador) pelos torcedores do Inter de Milão.
Após o escândalo do Calciopoli, o Inter consagrou-se campeão italiano, em 2006. Este título foi o primeiro de Adriano na Europa e o início de uma longa série de cinco vitórias consecutivas, de 2006 a 2010.
Além do sucesso na Série A, Adriano também conquistou três vezes a Copa da Itália com o Inter de Milão, em 2005, 2006 e 2010, além da Supercopa da Itália, em 2005 e 2006.
No entanto, apesar de suas atuações impressionantes em campo, Adriano começa a enfrentar sérios problemas pessoais. A perda de seu pai em 2004 o perturba profundamente e ele, gradualmente, afunda no álcool.
Com o passar das temporadas, o desempenho de Adriano piora, assim como seu estilo de vida. Em 2009, o Inter de Milão, finalmente, decide rescindir seu contrato com o clube, encerrando assim sua aventura italiana.
Depois de deixar o Inter de Milão, Adriano voltou ao Flamengo, onde, novamente, brilhou, marcando 34 gols em 51 jogos. Mas sua volta ao Brasil também vem acompanhada de sérios problemas pessoais.
Em 2010, Adriano foi investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suposta associação com criminosos. Ele teria repassado dinheiro ao traficante “FB”, líder da facção Comando Vermelho. O jogador disse, segundo a revista Isto É, que apenas "ajudava a favela a pedido dos traficantes, com cestas básicas e brinquedos, nas festas de Dia das Crianças e Natal".
Em 2014, ele também foi investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, após comprar uma moto para o chefe do Comando Vermelho, na época, "Mica", que a usava para o tráfico de drogas. O sigilo de suas contas bancárias foi, inclusive quebrado.
Em junho de 2023, Adriano deveria haver ido a Istambul, onde comentaria a final da Champions League para o canal TNT. Ele não apareceu no aeroporto para pegar o voo. Um dia antes, havia sido visto em festas no Rio de Janeiro.
O jogo será no Maracanã, no dia 15 de dezembro de 2024, e contará com outros ex-jogadores, que foram colegas de Adriano.
"Muita gente me pediu que me despedisse", disse Adriano, segundo The Mirror. "Embora tenha deixado de jogar há alguns anos, faltava esta partida para fechar meu ciclo. Eu devia a todos os que me apoiaram e continuam apoiando".