Sem abelhas e pássaros, flores praticam a autopolinização
Devido às graves alterações climáticas que afetam todos os seres vivos da Terra, o futuro parece incerto. No entanto, tudo indica que as flores encontraram um caminho para dar continuidade à vida.
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Um novo estudo da Universidade de Montpellier, na França, mostra que as flores começaram a procurar formas alternativas de polinização, sem contar com a ajuda de pássaros e abelhas.
O estudo, publicado pelo New Phytologist, mostrou que as plantas evoluem rapidamente, encontrando novos métodos de reprodução.
Segundo o The New York Times, os pesquisadores foram motivados pela ameaça que as mudanças climáticas representam para o processo de polinização.
Nas últimas décadas, a população mundial de abelhas tem enfrentado um declínio. A principal causa disso é a utilização de pesticidas tóxicos em cultivos, bem como a expansão urbana, que destrói seus habitats.
Este fenômeno, conhecido como Transtorno do Colapso das Colônias, não afeta apenas o mel. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura alertou que o declínio das abelhas, borboletas e outros polinizadores poderá colocar em risco um terço da produção alimentar mundial.
Para a surpresa da comunidade científica, os investigadores da Universidade de Montpellier descobriram que as plantas começaram a fazer a polinização com as suas próprias sementes.
Os cientistas concentraram seu estudo em uma flor chamada amor-perfeito, uma planta daninha com pétalas coloridas, que atrai abelhas para espalhar seu pólen.
Imagem: lorapaskaleva/Unsplash
O estudo revelou que o amor-perfeito também pode usar o seu próprio pólen para se polinizar, num processo denominado “autofecundação”.
Imagem: gordoshootsraw/Unsplash
Os autores do estudo ficaram surpresos ao saber que o amor-perfeito evoluiu tão rapidamente, em um período de tempo relativamente curto.
The New York Times explica que, embora a autofecundação seja mais conveniente para a preservação da planta agora, ao usar seu próprio DNA para se reproduzir, torna-se mais vulnerável a doenças, secas e outros perigos.
As flores não são as únicas espécies afetadas. Esta evolução também pode ser uma má notícia para abelhas e borboletas. "Isso pode aumentar o declínio dos polinizadores e causar um ciclo vicioso de retroalimentação", disse Pierre-Olivier Cheptou, coautor do estudo, à CNN.
Em outras palavras, o aumento de plantas que se autofertilizam poderia reduzir drasticamente a produção de néctar, diminuindo consideravelmente o sustento de abelhas e borboletas.
A bióloga Gretchen LeBruhn, da Universidade Estadual de São Francisco, disse à CNN que a autofecundação nem sempre é algo negativo e que é melhor pensar nela como uma "estratégia de sobrevivência" ou como uma "apólice de seguro".
Mesmo assim, Cheptou, um dos co-autores do estudo, alertou ao The New York Times que se as plantas abandonarem completamente a reprodução s e x u a d a, é provável que percam essa capacidade a longo prazo.
Desta forma, esta estratégia pode não ser a melhor saída, já que envolve uma limitação genética. "Elas não serão capazes de se adaptar e a extinção será mais provável", disse o Dr. Cheptou, ao The New York Times.
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