Estados Unidos recusa-se a enviar arma revolucionária à Ucrânia
O ritmo lento da recente contra-ofensiva da Ucrânia gerou novas especulações sobre a disposição do governo estadunidense de fornecer a Kiev o Sistema de Mísseis Táticos do Exército MGM-140 (ATACMS).
Apesar da crescente pressão política interna e dos pedidos urgentes de Kiev, o presidente estadunidense, Joe Biden, não planeja enviar estes mísseis de longo alcance para a Ucrânia, em um futuro próximo.
A informação foi revelada por um oficial militar americano, não identificado, ao The Washington Post.
Segundo ele, o Pentágono acredita que pode fornecer outras armas que farão uma diferença maior no campo de batalha.
O número exato de mísseis de longo alcance nos estoques americanos não é fácil de decifrar.
Por outro lado, é de conhecimento comum que a empreiteira de defesa americana, Lockheed-Martin, produziu cerca de 4.000 ATACMS, em uma variedade de configurações, segundo o Politico.
“Alguns desses mísseis foram comprados por nações aliadas, para seus próprios sistemas de lançadores de foguetes múltiplos”, diz o artigo do Politico sobre o assunto. “Cerca de 600 foram disparados pelas forças dos EUA em combate durante a Guerra do Golfo Pérsico e a Guerra do Iraque.”
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, insistiu sobre sua necessidade de mais mísseis de longo alcance, especialmente o ATACMS, produzido pelos Estados Unidos.
"Sem armas de longo alcance, é difícil não apenas realizar uma missão ofensiva, mas também conduzir uma operação defensiva", disse Zelensky, em uma coletiva de imprensa recente.
Ele concluiu que não poderia haver uma vitória sem este sistema. Entretanto, Biden esmagou qualquer esperança que Kiev tivesse de receber mísseis de longo alcance dos Estados Unidos, a curto prazo.
Pelo menos foi o que Zelensky comentou de uma conversa que Biden e ele tiveram sobre o assunto, durante a última cúpula da OTAN.
"Existem essas conversas, mas não há decisão", explicou Zelensky, de acordo com o The Kyiv Independent.
"É melhor não levantar o assunto. Porque há expectativas do povo, dos militares, de todos. E me parece que é importante resolver isso primeiro, para depois compartilhar informações sobre como aconteceu", acrescentou Zelensky.
O uso dos ATACMS pela Ucrânia poderia significar uma mudança de jogo, porque permitiria a Kiev atingir alvos no interior da Rússia e na Crimeia ocupada, de acordo com o The Economist.
“Estes mísseis poderiam ser usados para atingir as linhas de abastecimento russas, incluindo a ponte Kerch ferroviária e rodoviária que liga a Crimeia à Rússia e que foi atingida duas vezes por meios desconhecidos”, diz o artigo do The Economist.
Infelizmente, tal capacidade de atacar a Rússia poderia vir com riscos aumentados, de acordo com o The Washington Post. Cruzaria uma das linhas vermelhas do Kremlin, o que faria que o governo deixasse de reter ainda mais potentes armas.