Até que ponto a batalha por Bakhmut devastou as forças russas?

O desejo implacável de Vladimir Putin de capturar a cidade ucraniana de Bakhmut devastou suas próprias forças militares, mas quão ruins foram as perdas?

O secretário de Segurança Nacional e Conselho de Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, fez, recentemente, uma declaração reveladora sobre o que aconteceu naquele lugar.

“Conforme relatado pelo coronel-general Syrskyi, todos os becos e o território ao redor da cidade estão repletos de corpos de russos e wagnerianos”, disse Dannilov.

Danilov acrescentou que os soldados russos, originários do Grupo Wagner, jaziam em terras ucranianas como se tivessem sido semeados: “Ninguém os tira de lá, porque ninguém precisa deles.”

Embora as palavras de Danilov possam parecer uma fantasiosa propaganda ucraniana, pode haver alguma verdade por trás delas.

As forças russas perderam pelo menos cinco soldados para cada soldado ucraniano morto, na defesa de Bakhmut, segundo um oficial anônimo da OTAN disse à CNN, em 7 de março.

“O funcionário, que falou sob condição de anonimato disse que esta proporçãoera uma estimativa informada com base na inteligência ocidental”, explica Jishua Zitzer, em reportagem sobre o assunto para o Business Insider.

Em 13 de março, o The Guardian informou que as agências de inteligência ocidentais estimavam que a Rússia havia sofrido pelo menos 20.000 a 30.000 baixas na luta por ocupar Bakhmut.

Entretanto, nenhum dos lados revelou suas contagens oficiais.

“Nenhuma contagem independente de mortos e feridos foi possível, e cada lado é visto como inflando as perdas do outro, enquanto esconde as suas próprias”, disse Andre Kramer, em artigo publicado no New York Times.

O que se sabe é que a Rússia perdeu um número significativo de homens durante sua ofensiva em Bakhmut e eles podem não ter sido recrutas prisioneiros mal treinados e mal equipados de Yegeny Priozhin, o líder do grupo Wagner.

O Chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, revelou, recentemente, para o jornal italiano La Stampa que a Rússia mudou de tática em Bakhmut.

Podolyak referiu-se ao afastamento das táticas de ondas humanas do Grupo Wagner, que tiveram tanto sucesso até agora.

"A Rússia dirigiu-se a Bakhmut com grande parte de seu pessoal militar treinado, os remanescentes de seu exército profissional, bem como as empresas privadas", disse.

E continuou: “Nós, portanto, temos dois objetivos: reduzir o pessoal capacitado, o máximo possível, e prendê-los em algumas batalhas cansativas importantes, interromper sua ofensiva e concentrar nossos recursos em outro lugar, para a contra-ofensiva da primavera.”

Se a declaração de Podolyak for verdadeira, as forças ucranianas podem ter recebido uma oportunidade inestimável de destruir alguns dos melhores soldados e equipamentos da Rússia. Assim, tudo ser complica para a Rússia, já que a iniciativa do conflito se volta para a Ucrânia.